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Como criar um Relatório de Sustentabilidade?

Entrevista com Aline Pimenta, sócia da Oitto Impacto

Flavio Salles, sócio da Aldeia Comunicação, bate um papo com Aline Pimenta, sócia da Oitto Impacto, parceira estratégica da Aldeia em projetos de ESG, sobre os principais aspectos do processo de elaboração de um relatório de sustentabilidade.

Flavio Salles: Aline, é um prazer tê-la aqui no “Em volta da Fogueira” para falar sobre o processo de construção de relatórios de sustentabilidade. Para começar, você poderia falar um pouco sobre a Oitto, como vocês abordam a criação de estratégias corporativas de sustentabilidade e ESG?

Aline Pimenta: Obrigada pelo convite! Na Oitto, atuamos em estratégias corporativas de sustentabilidade e implementação de projetos de impacto positivo, incluindo estratégias de comunicação voltadas para esse tema. Hoje muito se fala em ESG e, na nossa concepção, o ESG é uma abordagem mercadológica contida dentro de um pensamento maior de sustentabilidade – ou desenvolvimento sustentável. Então, nosso trabalho é desenvolver, implementar e executar projetos que realmente materializem a estratégia de sustentabilidade dos nossos clientes. Em alguns casos, adaptamos estratégias internacionais para o contexto brasileiro, garantindo que estejam alinhadas com as expectativas locais e globais.

A Aldeia tem mais de 10 anos de experiência na criação de relatórios de sustentabilidade. Venha conversar com a gente.

Flavio Salles: Você pode falar um pouco sobre a sua visão sobre a evolução da importância dos relatórios de sustentabilidade para as empresas?

Aline Pimenta: A importância dos relatórios vem crescendo de uma forma muito acelerada nos últimos anos. Hoje, no Brasil, assim como na União Europeia, temos diretivas próprias que estabelecem a obrigatoriedade desses relatórios para empresas de capital aberto a partir de 2026, conforme as diretrizes da CVM. Embora a diretiva seja voltada para empresas de capital aberto, estamos observando que ela também impacta empresas que não têm planos de abrir capital. Por exemplo, temos clientes que, mesmo sem pretensão de abrir capital a curto ou médio prazo, estão considerando publicar relatórios ISSB no futuro. As metodologias internacionais são fundamentais nesse contexto, pois oferecem guias que atendem às expectativas dos stakeholders, garantindo padrões comparáveis entre as empresas.

Flavio Salles: Aline, você pode falar um pouco sobre as principais etapas do processo de elaboração do relatório?

No desenvolvimento de um relatório de sustentabilidade, começamos com uma análise detalhada do contexto da empresa. Isso envolve entender a cadeia de valor, relações de negócios e questões regulatórias que podem impactar a empresa, além de identificar iniciativas existentes que podem não ser formalmente reconhecidas como sustentáveis. Este mergulho inicial é crucial para mapear o cenário em que a empresa opera e identificar práticas que já contribuem para a sustentabilidade.

Em seguida, conduzimos entrevistas e escutas com stakeholders internos e externos, como gerentes, líderes, fornecedores, parceiros, clientes e especialistas para obter uma visão abrangente dos impactos percebidos e potenciais no negócio. A partir das entrevistas, extraímos uma lista de impactos que a empresa causa no meio ambiente e na sociedade, e vice-versa. Utilizamos métodos qualitativos e quantitativos para garantir uma compreensão profunda desses impactos.

O próximo passo é priorizar esses impactos por meio de workshops com grupos representativos do cliente, onde os participantes avaliam e atribuem notas a cada impacto identificado. Essa priorização é essencial, pois permite que a empresa estabeleça uma linha clara de quais impactos devem ser tratados com maior urgência, considerando a severidade e probabilidade dos impactos negativos e o potencial dos impactos positivos.

Finalmente, os impactos priorizados são agrupados em grandes temas materiais, como Diversidade & Inclusão e Transição Energética. Essa categorização ajuda a empresa a comunicar claramente sua visão e prioridades em sustentabilidade. Este processo estruturado não só facilita a criação de um relatório de sustentabilidade robusto, mas também orienta a estratégia de sustentabilidade da empresa, garantindo que ela esteja alinhada com as expectativas dos stakeholders e com as melhores práticas do setor.

Flavio Salles: Bacana! Você poderia explicar as diferenças entre as metodologias de relatórios de sustentabilidade GRI e ISSB e como elas se complementam?

Aline Pimenta: Claro! Vou tentar explicar de uma forma bem simplificada, pois o assunto é profundo. O GRI, criado em 1997, é a metodologia mais antiga e continua sendo amplamente utilizada. Ele oferece uma estrutura abrangente que ajuda as empresas a comunicar seus impactos econômicos, ambientais e sociais. O GRI foca em fornecer uma visão holística das operações da empresa em relação ao mundo e como o mundo impacta a empresa, promovendo transparência e responsabilidade. Ele é considerado a espinha dorsal dos relatórios de sustentabilidade, permitindo comparações consistentes e compreensíveis entre empresas. Já o ISSB, que a CVM no Brasil definiu como obrigatório a partir de 2026 para empresas de capital aberto, foca mais em traduzir riscos e oportunidades de sustentabilidade em termos financeiros. A combinação de ambas as metodologias resulta em um relatório extremamente completo.

Flavio Salles: E, pensando em um futuro próximo, quais são os principais desafios de gerar um relatório em conformidade com o ISSB?

Aline Pimenta: O principal desafio do ISSB está em calcular financeiramente o impacto dos riscos ligados à sustentabilidade. Isso exige um entendimento profundo dos aspectos financeiros da sustentabilidade, o que pode ser mais complexo para as empresas, principalmente aquelas que ainda estão amadurecendo suas práticas nessa área. É um processo que demanda tempo e preparação para garantir que todos os dados necessários sejam coletados e analisados de forma precisa.

Flavio Salles: E como a dupla materialidade se encaixa nesse processo?

Aline Pimenta: A dupla materialidade é fundamental. Introduzida pela Comissão Europeia em 2019 e adotada pelo GRI, ela considera tanto os impactos da empresa no mundo quanto os impactos do mundo na empresa. É o ponto de partida não somente para relatórios de sustentabilidade bem-sucedidos, mas para a definição de prioridades estratégicas claras no âmbito da sustentabilidade corporativa.

Flavio Salles: Falando sobre parcerias, como você vê a Aldeia Comunicação se encaixa no modelo de trabalho da Oitto?

Aline Pimenta: A gente enxerga na Aldeia um parceiro estratégico, uma agência com uma experiência sólida de mais de 20 anos, capaz de entender a estratégia e traduzir com uma identidade visual adequada, com um tom de voz adequado, tangibilizar com qualidade, com bom gosto, o produto final do nosso trabalho, que são os relatórios e as estratégias de sustentabilidade neles reportadas.

Flavio Salles: Obrigado, Aline, por compartilhar suas experiências e insights conosco hoje.

Aline Pimenta: Eu que agradeço pela oportunidade de falar sobre um tema tão importante e por compartilhar um pouco do nosso trabalho na Oitto Impacto.

Conheça o case de criação do Relatório de Sustentabilidade da ALLOS, elaborado pela Aldeia Comunicação.

Imagem do Relatório de Sustentabilidade da ALLOS